terça-feira, 9 de junho de 2009

O cenário da década de 50.

A década de 50 foi o auge dos movimentos vanguardistas de 1920. A modernidade não se dava apenas nas artes, havia um pensamento progressista no ar e a modernização brasileira estava a todo vapor. As características que marcaram o período se deram no campo da urbanização, da educação e da imprensa.
Quanto à urbanização o que aconteceu foi que a população urbana aumentou e tornou-se maior que a do campo. Para se ter uma idéia, 24% da população rural migrou para a cidade em 1950. Tal processo de urbanização se deu pela intensificação do processo de industrialização brasileiro ocorrido a partir de 1956 que fazia parte da “política desenvolvimentista” do presidente Juscelino Kubitschek.



Já no campo da educação, apesar de nesta época ainda ser grande o número de analfabetos no país,cerca de 50% da população, houve um aumento progressivo do nível de escolarização. Em 1960 esse índice de analfabetismo cai para 39,3%.

E, finalmente, no campo da imprensa os anos 50 foram libertadores porque os jornais não dependem mais tanto do Estado ou de poderosos políticos como dependiam antes. Desta forma passaram a existir muito mais jornais em circulação (O Globo, Correio da Manhã, O Jornal, Jornal do Brasil, Diário Carioca, Ultima Hora e etc) e surgiram os movimentos de jornalismo, como o jornalismo político, o jornalismo popular e o jornalismo moderno. Para a população foi inovador o jornalismo popular que buscava alcançar as classes mais simples, e possibilitar a elas acesso a conteúdos informativos assim como as classes mais abastadas já o tinham há mais tempo. O jornal Última Hora, por exemplo, utilizava-se de um apelo e de uma linguagem adaptada que falasse a esse novo público leitor.



fonte: almanaquedacomunicacao.com.br


Outro inovador da época foi o Diário Carioca ao adotar o lide. Os textos do jornal passam a ser mais objetivos, curtos e com uma linguagem coloquial que fazia jus ao slogan que dizia “O máximo de jornal no mínimo de espaço”.



fonte diáriocarioca.com.br

Neste contexto, surge então um Brasil moderno. Para a cultura brasileira, o momento foi rico para a produção cultural porque nossa cultura buscava a inserção de sua própria modernidade, com suas próprias características. Assim, todo pensamento cultural brasileiro viu um momento de grande auto-estima, sem se basear em vanguardas européias. Brasília torna-se a concretização e o símbolo deste Brasil moderno, sendo assim chamado por ter sido presenciado desenvolvimentos em diversos aspectos.

A modernidade institucional é um deles. Tivemos nessa década duas eleições diretas : a de Getúlio Vargas e a de Juscelino Kubitchek, que assume o governo prometendo “50 anos em 5”. Os brasileiros sentem então uma tranquilidade institucional porque são quase 10 anos sem golpe de Estado. Outro aspecto é a modernidade nas artes em que nota-se um ambiente cultural mais rico e diversificado que é resultado não só da urbanização, da crescente escolarização e do desenvolvimento dos meios de comunicação mas também graças às vanguardas modernistas dos anos 20.

Todo esse sentimento progressista cria uma “urgência do moderno” em que a modernidade pode ser construída, por isso criam uma nova cidade com uma nova arquitetura, fazendo assim com que a modernidade fosse vista. Então, seguindo essa necessidade, as bienais de São Paulo começam a mostrar o que acontecia nas vanguardas das artes plásticas visuais.



cartaz da terceira bienal realizada em São Paulo. Fonte: coresprimárias.com.br




Tarsila do Amaral participa em 1951 da I Bienal de São Paulo. Em 1963 tem sala especial na VII Bienal de São Paulo


Por: Elisa Baeninger Grego

A corrente concretista e seu desenrolar no Brasil

Concretismo e arte concreta:

O concretismo surge na década de 50 na Europa, durante a tentativa de integrar conceitos matemáticos e geométricos às obras de arte. Visava-se retirar das obras de arte qualquer tipo de sentido simbólico, enfatizando as elaborações estéticas através do raciocínio e separando forma de conteúdo. A arte para de tentar expressar algo relativo à realidade para fazer sentido por si mesma.
Esse movimento teve reflexos tanto nas artes plásticas, com Max Bill como predecessor, como na música e na poesia.


Obra de Max Bill. Fonte: Itaú Cultural

Como essa arte chega ao Brasil?

Um dos idealizadores da arte concreta, o suíço Max Bill expõe suas obras em 1951 no MASP e na primeira Bienal de São Paulo. Levando em conta todo o pensamento do período, as tendências e idéias concretistas são aderidas rapidamente pelo Brasil.
A entrada desse movimento no país impulsionou as principais mudanças arquitetônicas das cidades e a construção de museus e casas de arte ocorridas no período.

Poesia concreta.


A poesia também sofreu influência desse pensamento. Assim como nas artes plásticas, O conteúdo dos textos era esvaziado enquanto as formas de diagramação passaram a ser cada vez mais privilegiadas e integradas ao conjunto. O poema concreto é um objeto por ele mesmo, não um intérprete de situações ou sensações do mundo real.
A matéria prima e o objeto da poesia concreta era a palavra. Os trabalhos eram baseados na sintaxe, na fonética e na semelhança de diferentes palavras, e as diagramações eram feitas a partir dessas relações. Segundo Augusto de Campos, um dos grandes nomes da poesia concreta brasileira, “O poeta concreto vê a palavra em si mesma - campo magnético de possibilidades - como um objeto dinâmico, uma célula viva, um organismo completo, com propriedades psicofisicoquímicas tacto antenas circulação coração: viva.”
Além de Augusto, os principais nomes foram: Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Ronaldo Azeredo.
Em 1958, é publicado o Plano Piloto para a Poesia Concreta, escrito pelos poetas concretistas citados acima. O manifesto ataca o verso tradicional e decretas as principais características do movimento. “poesia concreta: uma responsabilidade integral perante a linguagem. realismo total. contra uma poesia de expressão, subjetiva e hedonística. criar problemas exatos e resolvê-los em termos de linguagem sensível. uma arte geral da palavra. o poema-produto: objeto útil.”


O Neoconcretismo


A introdução da corrente concretista no pais acarreta na formação do grupo Ruptura, que era de São Paulo e dava mais atenção às artes visuais, e do grupo Frente, do Rio e que focalizava mais a poesia.
Existiam algumas divergências ideológicas entre os grupos carioca e paulista. Enquanto os paulistas pensavam na arte concreta como pura forma ou um mero objeto, levando muito à risca os ideais do concretismo, o grupo carioca achava necessário que as intuições humanas fossem mostradas nas obras.
Os cariocas, liderados por Ferreira Gullar, decidem criar um movimento para se separar da racionalidade e desumanização sugerida pelos concretistas: o neoconcrestismo.
O movimento seria uma tentativa de dar novamente ao artista a possibilidade de criar com seus sentimentos, eliminando a tecnicidade e rigidez das obras concretistas, Deixando de lado a arte como objeto e aderindo a idéia da arte como um ser.
Em 1959, um Manifesto Neoconcreto, que traçava os ideais desse pensamento e criticava seu antecessor, seria assinado pelos principais artistas seguidores desse movimento e publicado no Jornal do Brasil. São eles: Amilcar de Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Clark e Lygia Pape.

Por: Pedro Bastos

Exemplos de obras concretas e neoconcretas

Confira algumas das obras dos artistas concretistas e neoconcretistas brasileiros:

Poesias:


Nome: Tensão
Autor: Augusto de Campos
Fonte: Poesia concreta Petrobrás


Nome: Terra
Autor: Décio Pignatari
Fonte: Poesia concreta Petrobrás


Nome:Girassol
Autor:Ferreira Gullar
Fonte: Site pessoal



Artes Plásticas


Nome: Carranca
Autor: Amilcar de Castro
Fonte: Itaú cultural



Nome: A torre
Autor: Franz Weissman
Fonte: Itaú Cultural


Nome: Composição
Autor: Lygia Pape
Fonte: Itaú cultural


Por: Pedro Bastos

A arquitetura da década.

A arquitetura moderna foi introduzida no Brasil por meio da influência e atuação de arquitetos estrangeiros como o franco-suiço Le Corbusier (sem dúvida o mais influente), os alemães Mies Van de Rohe e Walter Gropius, e o estadunidense Frank Lloyd Wright. Arquitetos recém formados no país estudavam suas obras, Le Corbusier nas várias vezes q esteve no Brasil realizou conferências difundindo seus ideiais aos jovens arquitetos daqui. Inclusive orientou uma equipe de arquitetos formada por na mais que Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira e Ernani Vasconcelos, liderados por Lúcio Costa, para a criação do projeto do edifício da nova sede do Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro. Apesar de toda influência estrangeira, foram Oscar Niemeyer e Lúcio Costa que tornaram esse estilo conhecido e de fato aceito no Brasil, sem falar que Niemeyer se tornou ao longo da carreira um dos maiores nomes dessa arquitetura no mundo.

Le Courbusier

A arquitetura moderna surgiu na Europa devido à necessidade de solucionar os problemas que surgiam graças às mudanças sociais e econômicas que a Revolução Industrial causou. No Brasil, no entanto, segundo Lúcio Costa, o Modernismo brasileiro justifica-se como estilo, afirmando a identidade de nossa cultura e representando o "espírito da época".

As obras deste estilo apresentavam como características formas geométricas definidas, sem ornamentos; uso de pilotis a fim de liberar o espaço sob o edifício; vidros contínuos nas fachadas ao invés de janelas; aproveitamento do espaço do edifício etc.
A arquitetura brasileira tem como marca um conflito entre o neo-colonial - estilo dominante na arquitetura brasileira da época baseada na arquitetura usada em Portugal e que se manteve aqui pelo colonos portugueses - e o Modernismo, que começava a ganhar espaço.

O Estado teve papel importante na consolidação do modernismo arquitetônico brasileiro, pois patrocinava obras, já que buscaram o modernismo como símbolo de modernidade e progresso do novo Brasil que se desenvolvia, a idéia de uma nova Nação com uma identidade própria, a tomar como exemplo o projeto arquitetônico de Brasília. Aos poucos a Arquitetura Moderna Brasileira foi ganhando destaque no cenário mundial passando a imagem do novo Brasil que estava se formando.

Os principais elementos da estética Corbusiana se resumem da seguinte forma:


Planta livre: elaboração de uma estrutura independente que permita a livre distribuição das paredes, já sem exercerem função estrutural.

Fachada livre: resulta igualmente da independência da estrutura. Assim, a fachada pode ser projetada sem impedimentos.

Pilotis: sistema de pilares que elevam o prédio do chão, permitindo o trânsito por debaixo do mesmo.

Terraço-jardim: recupera a área ocupada pelo edifício transferindo-o para cima do prédio na forma de um jardim.

Janelas em fita: possibilitadas pela fachada livre, permitem uma relação desimpedida com a paisagem.




Pode-se notar quase todas as caracterísiticas da arquitetura da época no Ministério de Educação e Saúde do Rio de Janeiro, constuído em meados dos anos 50.



Detalhe para a aplicação do pilotis no prédio do ministério.









Por Erich Belfort Chiarelli

A cidade de Brasilia

“Um dos maiores resultados concretos de todo o pensamento da época.”

Como tudo começou
Em 1761 o Marquês de Pombal, então primeiro-ministro de Portugal, propôs mudar a capital do império português para o interior do Brasil Colônial. Entretanto, a primeira idéia concreta em relação a tranferência da capital apareceu em 1823 e foi proposta por José Bonifácio de Andrade Silva, já com o nome de Brasília.

Contexto histórico da época

Nos anos 1950, o Brasil era um país diante de uma “encruzadilha histórica”. De um lado estava o mundo rural que representava o passado. De outro, a atividade industrial e toda a idéia do modernismo que apontava para o futuro. A criação do novo, do moderno, supostamente fundaria um processo de mudança na sociedade brasileira capaz de fazer o país deixar de ser subdesenvolvido. A suposição de que as forças do novo seriam vencedoras fazia parte da cultura que tomava destaque naqueles anos. Não por acaso, os movimentos culturais mais relevantes da década estavam atrelados às idéias de morderno e de novo, assim como a arquitetura moderna,a bossa nova e o cinema novo.

Primeiros Passos

O governo do presidente Juscelino Kubitschec (1956-1961) apoiou o projeto de transferência da capital do Rio de Janeiro para o planalto goiano. Com isso, seu objetivo era interiorizar o resgate do “Brasil Esquecido” e levar ao país novas propostas de modernização da infra- estrutura e, também, levar a industrialização do setor produtivo de bens de consumo. Estas análises, surgidas desde o final dos anos 1940 e reaproveitas durante o período da construção da cidade(1956-1960), foram consideradas análises de caráter político e cinetífico que apresentavam como tema principal a nação ou ainda a “questão nacional”, matendo estreitos laços com as ideologias nacional-desenvolvimentistas da época.
Objetivo principal: fazer do Brasil uma nação moderna, idependente e desenvolvida.

A Capital do Brasil

Juscelino Kubitschec, durante todo o período da construção de Brasília, insistiu sobre o caráter redentor da obra. Em inúmeras oportunidades e para os mais diversos públicos, Brasília foi apresentado como algo maior que uma cidade. Tratava-se de uma capital- e não apenas mais uma capital- destinada à redirecionar o futuro da nação, a unificar internamente o país. O otimisto que tomou conta do país “na era JK” anunciava ao largo um outro país, bem diferente daquele em que se vivia.
O simbolismonacional em torno de Brasília não se limitou apenas à própria transferência da capital. Ao contrário, alcançou de fato diversas dimensões da vida nacional. Por exemplo, no sentimento de criação de uma modernidade verdadeiramente nacional representada pelos projetos urbanísticos.




Arquivo Público do Distrito Federal/Novacap Juscelino Kubitschek e João Goulart na inauguração de Brasília. 21 abr. 1960

O Plano Piloto

Em 1957, Oscar Niemeye abriu um concurso público para o plano piloto da nova capital Brasília. O projeto vencedor foi apresentado por Lúcio Costa. Niemeyer foi o arquiteto escolhido por Juscelino para ser responsável pelos projetos dos edifícios enquanto Lúcio Costa desenvolveria o plano da cidade.
O plano piloto sugeriu, em sua expressão social, o surgimento de uma nova sociedade, com base em relações sociais menos desiguais, como no plano das quadras que seriam semelhates umas as outras. O plano piloto, que para muitos representava a figura de um avião, na verdade era uma cruz, baseado na idéia de traçar dos eixos se cruzando.




fonte_cpdoc/ Programa das solenidades da inauguração oficial de Brasília. A íntegra do documento engloba lista de autoridades nacionais presentes, pequeno histórico, mapa dos acessos rodoviários, plano piloto. Brasília, 21 abr. 1960

A arquitetura

O projeto de Lúcio Costa colocou em prática os conceitos modernistas de cidade. Exemplos: o automóvel no topo da hierarquia viária, facilitando o deslocamento na cidade e os blocos de edifícios afastados em pilotis em grandes áreas verdes. Brasília possui diretrizes que remetem as projetos de Le Corbusier na década de 20.
Graças a elaboração de um projeto de transformação, de uma ideologia fundada sobre a realidade e voltada para o futuro, a arquitetura de brasilia foi o melhor meio de desvencilhar o país de uma passado colonial. Brasília teve uma arquitetura totalmente independente do estilismo clonial e trouxe uma identidade legitimamente brasileira.


CPDOC/FGV/arquivo José Pessoa/Anúncio, de fevereiro de 1954, de lotes disponíveis na futura capital federal.

"Não é o angulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível,criada pelo homem.O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu país,no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do céu, no corpo da mulher perfeita.De curvas é feito todo o Universo.O Universo curvo de Einstein." Oscar Niemeyer



O trabalho de Niemeyer:

Brasília foi um grande desafio, já que a cidade foi construída na velocidade de um mandato. Em poucos meses Niemeyer projetou uma série de edifícios, para configurar a nova cidade. Entre os de maior destaque estão a residência do Presidente (Palácio da Alvorada), o Edíficio do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), a Catedral de Brasília, os prédios dos ministérios, a sede do governo (Palácio do Planalto), além de prédios residencias e comerciais.

“...quem for a Brasília, pode gostar ou não dos palácos, mas não pode dizer que viu antes coisa parecisa. E arquitetura é isso-invenção.”Oscar Niemeyer

Principais obras:


Palácio da Alvorada
Palácio da Alvorada foi o primeiro edifício público inaugurado em Brasília, em junho de 1958. Nesta obra Niemeyer desenha pilares em um formato um tanto quanto diferente para a época. A forma dos pilares da fachada deu origem ao símbolo e emblema da cidade, presente no brasão do Distrito Federal.


Fonte: Thum Fel





Palácio do Planalto
O Palácio do Planalto foi inaugurado no dia da transição da capital, em 21 de abril de 1960. É um dos edifícios da Praça dos Três Poderes, sendo os demais o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional.

Fonte: Annemarie


Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida
A Catedral Metropolitana foi inaugurada em 1960. Marcante por sua arquitetura singular, ela é considerada uma das obras mais expressivas de Brasília. O acesso à “nave” se dá através de uma passagem subterrânea, intencionalmente escura e mal-iluminada, visando o contraste com o interior que recebe iluminação natural intensa.

Fonte: ABR


Edifício do Congresso Nacional
O edifício do Congresso Nacional do Brasil inaugurado em 1960. Localiza-se no centro do Eixo Monumental, a principal avenida de Brasília. À frente há um espelho d'água e um grande gramado e na parte posterior do edifício se encontra a Praça dos Três Poderes. É um edifícios mais significativos do Brasil. É composto de suas semi-esferas, que abrigam o Câmara dos Deputados e o Senado. Entre as semi-esferas há dois blocos de escritórios.

Fonte: Marcelo metal

Hoje Brasília é a capital da Republica federativa do Brasil e sua quarta maior cidade. Na última contagem, realizada pelo IBGE em 2008, sua população foi estimada em 2.557.158 de habitantes. Brasília também possui o segundo maior PIB per capita do Brasil (34.510,00 reais) entre as capitais, superada apenas por Vitória, (47.855,00 reais).


fonte de pesquisa: http://www.memorialdobrasil.com.br/historia_de_Brasilia.htm
http://www.cpdoc.fgv.br/nav_jk/htm/O_Brasil_de_JK/Brasilia_a_meta_sintese.asp

Por: Aline Gomiero

Oscar Niemeyer - breve biografia


“Nasci em Laranjeiras, na Rua Passos Manuel, rua que depois recebeu o nome do meu avô Ribeiro de Almeida, então Ministro do Supremo Tribunal Federal. Uma rua íngreme, tão íngreme que até hoje me espanta como a corríamos de cima para baixo jogando futebol."Oscar Niemeyer


Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho nasceu no dia 15 de dezembro de 1907. Filho de Oscar de Niemeyer Soares e Delfina Ribeiro de Almeida , o arquiteto nasceu no bairro de Laranjeiras no Rio de Janeiro. Aos 21 anos, Oscar se casou com Annita Baldo e concluiu o ensino secundário. Após o casamento, começou a trabalhar e resolveu retomar os estudos. Começou, então, a trabalhar na oficina tipográfica do seu pai e ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, onde, em 1934, se formou como arquiteto e engenheiro. Mesmo passando por dificuldades financeiras, Oscar decidiu trabalhar sem remuneração no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão. Foi desta forma que ele descobriu que não lhe agradava a arquitetura comercial vigente e viu no escritório de Lúcio Costa uma oportunidade para aprender e praticar uma “nova arquitetura”. Niemeyer tem somente uma filha, Anna Maria Niemeyer, que lhe deu cinco netos, treze bisnetos e quatro trinetos. Viúvo desde2004, Niemeyer em novembro de 2006, casou-se com sua secretária, Vera Lúcia Cabreira, de 60 anos. Mesmo centenário, ele continua trabalhando todos os dias em seu escritório em Copacabana. É um grande arquiteto brasileiro, além de ser considerarado um dos nomes mais influentes na arquitetura moderna internacional.


Saiba mais: http://www.niemeyer.org.br/0scarNiemeyer/biografia.htm

Por: Aline Gomiero

A vida é um sopro: Resenha de documentário sobre um dos maiores arquitetos brasileiros



"Não me sinto importante. Arquitetura é meu jeito de expressar meus ideais: ser simples, criar um mundo igualitário para todos, olhar as pessoas com otimismo. Eu não quero nada além da felicidade gera" Oscar Niemeyer

--> Resenha do documentário Oscar Niemeyer - A vida é um sopro
Por Aline Gomiero

“A vida é um sopro. Nasceu, morreu fodeu-se”. Foi a partir dessa declaração audaciosa do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer que o roteirista Fabiano Maciel se inspirou para criar o título do seu documentário: “Oscar Niemeyer - A Vida é um Sopro”.
Trata-se de um longa metragem de apenas 90 minutos, no qual Oscar Niemeyer relata de forma descontraída a trajetória de sua vida. Além disso, ele mostra como revolucionou a arquitetura moderna com a introdução da linha curva e a exploração de novas possibilidades do concreto armado. Orgulhoso, ele compara suas criações com obras de arte. “De um traço nasceu a arquitetura. E quando ele é bonito e cria surpresa, ela pode atingir, sendo bem conduzida, o nível superior de uma obra de arte.”, ele afirma.
A vida é um sopro foi produzida pela Santa Clara Comunicações no verão de 1998 e, posteriormente, quase uma década depois, em 2007. O documentário é montado por imagens de arquivo inéditas e raras, e por depoimentos de personalidades que admiram e conhecem o trabalho do mais famoso arquiteto brasileiro, como o historiador Eric Hobsbawn, os escritores José Saramago, Eduardo Galeano e Carlos Cony, o poeta Ferreira Gullar, o cineasta Nelson Pereira dos Santos e o compositor Chico Buarque. É importante ressaltar que, apesar de um grande trabalho de pesquisa, a base da longa é o próprio Niemeyer.
O arquiteto calcula ter planejado algo em torno de 1000 projetos, sendo que 600 destes foram realizados. Todos os mais importantes, que fizeram de seu nome uma referência mundial, estão presentes no longa: Pampulha, em Minas Gerais, Brasília, a sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, a sede do Partido Comunista, em Paris, a Universidade de Argel, na Argélia, o Museu de Arte Moderna de Niterói, no Rio de Janeiro. Desta forma, o filme oferece um amplo painel da carreira e da forma de trabalhar do arquiteto.
Em entrevista concebida para o jornal Correio Brasiliense, o roteirista do documentário, Fabiano Maciel, conta que sua principal dúvida ao decidir produzir a longa era como sintetizar, em menos de uma duas horas de gravação, a vida de uma pessoa que a todo o momento se confunde com a história do Brasil do século XX. Ao dar início ao projeto, ele preparou uma entrevista com cerca de 400 perguntas, porém o arquiteto só respondeu o que o interessava. Ele conta que foi “metralhado” logo na primeira questão. “Eu queria saber sobre uma casa que Niemeyer havia planejado para Oswald de Andrade. Um presente de um modernista para outro modernista. Mas, ele disse: ‘Isso é uma bobagem, não é importante’, lembra Fabiano.
Desta forma, com respostas e declarações diretas, o diretor recolheu matéria prima suficiente para a criação de um dos mais curiosos documentários nacionais recentes. Diante da câmera, o centenário usou incontáveis vezes a palavra merda. Nemeyer é desbocado, franco, crítico e audacioso, porém é consciente de sua importância e dos efeitos que protagonizou. Ele defende o próprio trabalho e sempre declara amor a seu país que, de certa forma, ajudou a construir. Em um dos seus depoimentos durante o filme, Niemeyer, ao se referir à cidade de Brasília, faz uma crítica a arquitetura praticada no Brasil. “Brasília, por exemplo, deveria parar. Não deveria ter um único bloco de apartamento a mais. As cidades não deveriam crescer sem controle. Deviam parar e depois se multiplicar”, afirma o arquiteto.
Crítico, ele vê na sua profissão uma forma de mudar o mundo, que, segundo ele, “nos faz insignificantes diante do vasto e indefinido universo”. Por isso, por meio da arquitetura, ele justifica que técnicas e cálculos, aliados à criatividade, se colocam como alternativas para criar uma sociedade mais justa.
“A vida é um sopro” é uma aula de história, de cultura de sociedade e desenvolvimento, mas acima de tudo, de vida. Afirmar isso pode parecer ser um clichê, mas o diretor Fabiano Maciel conseguiu consolidar a estrutura de um filme sobre o exemplo de vida e os pensamentos de um grande mestre para todos os brasileiros.

Saiba mais em : http://www.avidaeumsopro.com.br/